segunda-feira, 16 de abril de 2018

Lido: Carta do Futuro

Não sei o que terá levado Ademir Pascale a chamar "introdução" a um texto que é claramente um conto. Não é interrogação que me assalte sempre que tal acontece, pois há casos de introduções ficcionais que fazem absoluto sentido (Os Anos de Ouro da Pulp Fiction Portuguesa fornecem ótimos exemplos). Compreenderia perfeitamente a opção, portanto, se a publicação em que esta "introdução" se insere englobasse histórias ambientadas no mesmo universo ficcional, caso em que ela funcionaria como introdução para o universo. Mas já li também o primeiro conto (ou segundo, na verdade) e não é o que aqui temos.

Essa é a primeira perplexidade que me causa esta Carta do Futuro, mas não é a única, porque o conto em si mesmo mais parece um esboço para uma ficção mais extensa, delineando uma invasão alienígena sob a forma de uma carta enviada do futuro para alguém do passado (porquê? para quê? não se percebe). Mas só na segunda metade do texto, pois a primeira é um melancólico rememorar de experiências passadas, entre São Paulo e uma cidadezinha de Minas Gerais. Esta, talvez paradoxalmente, é a parte mais bem sucedida do texto, e serviria perfeitamente como arranque de uma novela ou romance que narrasse de facto a tal invasão alienígena. Mas incluída numa vinheta que acaba por ser apenas um longo (bem, nem por isso) e algo desconexo infodump sobre uma invasão de ETs simplesmente não funciona.

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