segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Lido: A Máquina do Tempo

Ao ler este título, A Máquina do Tempo (bibliografia), o leitor desprevenido certamente julgaria ir deparar com um conto de ficção científica razoavelmente sólida, sobre a criação, eventualmente, a operação, talvez, as consequências, se a isso chegasse o engenho e a ambição do autor, de uma máquina do tempo. Na maioria dos casos, como no do romance homónimo de H. G. Wells, o leitor desprevenido certamente teria razão. Mas não no caso deste conto de Ray Bradbury.

Trata-se de mais um dos contos de Bradbury sobre a infância idealizada, numa cidadezinha algures no interior dos EUA, e aqui os miúdos vão em busca da única verdadeira máquina do tempo que existe na cidade: um velho muito velho, conhecido como Coronel Freeleigh, que tem na longa memória um registo de passados inacessíveis aos que o procuram e um interminável manancial de histórias para contar sobre esses passados.

É mais um conto doce, bem escrito e eficaz, que no entanto peca por ser um pouco extenso em demasia para a história que tem para contar, o que impede que se aproxime da qualidade das grandes histórias do autor. Um conto que, pese embora o título tão tipicamente FC, não tem nada que não seja realista, e se alguém acha que esse efeito não foi propositado não tem estado a prestar atenção. Isto apesar do conto ter sido inicialmente publicado na revista The Reporter (uma seriíssima revista americana, cheia de artigos sisudos sobre política internacional e nacional), com o título de "The Last, the Very Last", dedicado, de acordo com a chamada de capa (sim, teve direito a chamada de capa), ao Memorial Day. Tudo bem longe da FC, naturalmente; o título por que o conto é conhecido hoje só surge quando foi editado em livro, cerca de uma década mais tarde.

É a velhíssima história do velhíssimo costume.

Contos anteriores deste livro:

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