segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Lido: Walpurgis Afternoon

Sabemos que um determinado género ou subgénero literário não nos diz grande coisa se lemos bons exemplos desse género e a leitura fica longe de nos encher as medidas. Passa-se isso comigo com alguns subgéneros da fantasia, muito em especial (uma vez que ganhou uma projeção invulgar nas últimas décadas) com a fantasia urbana. Para que eu me sinta realmente satisfeito com a leitura de uma fantasia urbana, é bom que ela seja excecional, porque caso não chegue lá o mais certo é deixar-me entre a indiferença e o aborrecimento.

E este Walpurgis Afternoon é uma boa noveleta de fantasia urbana. Delia Sherman tem uma narrativa sólida e fluida e usa-a para contar uma história suburbana sobre uma casa que aparece de um dia para o outro num lote vazio e sobre as suas habitantes. Contada sob o ponto de vista da filha adolescente de um casal de vizinhos, a história e as personagens vão-se revelando com mão segura, ficando o leitor a saber que estas últimas são um casal de bruxas lésbicas que decidiram ir viver para ali em vésperas do casamento, o que tem como consequência ficar a vizinhança inteira em alvoroço (e descobrir-se mais algumas bruxas entre os habitantes do sítio, também).

Uma fantasia urbana bem feita (ainda que me pareça que a comoção causada pelo aparecimento súbito de um casarão é abafada com demasiada facilidade), que toca em alguns temas bastante relevantes nos dias que correm (tanto ou mais que em 2005, ano em que foi publicada) e fala de preconceitos e da aceitação da diferença e do outro. E no entanto...

... e no entanto é apenas uma fantasia urbana boa, não excecional. E eu li a noveleta com razoável agrado, mas sem realmente me sentir puxado para a história e/ou para a forma como é contada. Tenho a certeza de que a esquecerei bem depressa.

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