sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Lido: O Pescador e a Sua Mulher

Uma das coisas que me tem causado alguma surpresa ao ler, lado a lado, estas histórias tradicionais alemãs dos Irmãos Grimm e as portuguesas do Adolfo Coelho é a ausência, naquelas de algo que tem sido muito comum nestas últimas: a lengalenga.

Pois bem, O Pescador e a Sua Mulher muda a feição das coisas.

Trata esta história de um pescador que um belo dia pesca uma solha falante, logo encantada, que promete satisfazer-lhe todos os desejos se ele lhe poupar a vida. O homem é um bom homem, um pachola, que tem por ambição simplesmente viver a vida descansado e não lhe pede nada de especial. Mas a mulher não está pelos ajustes e obriga o marido a ir exigir à solha coisas cada vez mais exorbitantes. E o marido, bem mandado, obedece sempre, mesmo contrariado. A lengalenga está nisto, nas sucessivas viagens entre a casa (ou o palácio, ou o castelo) e o mar onde a solha vivia, nos versinhos sempre iguais que o homem recita para convocar a criatura mágica e na conversa que têm, também sempre igual, antes do desejo ser satisfeito.

Claro que se trata de um conto exemplar, conservador, que pretende transmitir a ideia de que cada um está bem é no seu lugar, sem levantar ondas, sem querer mais do que tem. Nisso parece ser bastante "grimesco". Mas a lengalenga é aqui novidade.

Contos anteriores deste livro:

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