sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Lido: Academia de Vampiros

Academia de Vampiros (bibliografia), de Richelle Mead, é um romance de fantasia urbana sobre as lutas e rivalidades que vão tendo lugar numa espécie de liceu vampiresco e razoavelmente clandestino, a Academia de São Vladimir, situado algures nos EUA. E basta esta brevíssima descrição para se perceber que se trata de um romance juvenil, coisa que o autocolante que na capa faz referência a Stephenie Meyer sublinha, e quer a ambiência, quer a própria história, fazem claramente lembrar obras audiovisuais como os "filmes de escola secundária" que Hollywood produz com regularidade ou séries como Buffy the Vampire Slayer.

Ou, dito de outra forma, eu não faço parte do público alvo.

Apesar disso, até achei o livro razoavelmente interessante. Claro, não é nenhuma obra-prima. Trata-se de um livro comercial, que vale mais pelo valor de entretenimento do que por qualquer outro. Não é nem particularmente original nem uma grande obra de literatura. Mas está escrito de forma eficaz, com uma prosa bem ritmada e escorreita, e a história, sem ser muito complexa, está bem concebida, o que é precisamente o que se pretende num livro deste género. Leitura rápida. Leitura que prenda o interesse do leitor com um mistério, a sustenha com peripécias em torno desse mistério, e remate de forma satisfatória.

A protagonista/narradora, Rose, é uma dampira, portanto membro de uma raça de criaturas híbridas, fruto da união entre um vampiro e um humano, que, na sociedade descrita por Mead, são educadas, treinadas e usadas como protetoras dos vampiros verdadeiros. A sua melhor amiga e protegida (ou mais que protegida, visto que com ela partilha um vínculo telepático), Lissa, que a acompanha no protagonismo nesta história, é não só uma verdadeira vampira, mas uma princesa, a última descendente de um poderoso clã vampírico de origem russa. Atormentada pelo assassínio da família, Lissa rebelou-se e fugiu para o mundo dos humanos, levando Rose consigo, e a história começa quando as duas são apanhadas e levadas de volta.

O que se segue é uma história de escola secundária sob o efeito de esteroides porque ao drama juvenil típico, com as suas rivalidades, as suas paixões, os seus disparates adolescentes, as suas crueldades e as suas atrações sexuais, se soma uma violenta e mortífera subtrama de rivalidades políticas entre os ramos rivais da realeza dos vampiros. Há pancada, há perigo, há sacanice e gentileza, há manipulação, há um pouco de muita coisa, mas há sobretudo adolescência. Tudo muito americano, por um lado, mas por outro também bastante eslavo, pois Mead parece querer fazer uma homenagem à geografia de origem da maioria das lendas que deram origem ao subgénero dos vampiros e enche o seu livro com ligações ao Leste da Europa.

Ou seja, julgo que este é um livro mais que razoável para quem fizer parte do público alvo porque faz com competência aquilo que se propõe fazer. Mas eu não faço parte desse público. Já passei a adolescência há umas décadas, já tenho pouca paciência para toda a banalidade dos dramas juvenis. Fazem parte da vida, sim, mas a vida tende a deixá-los para trás. E nem a camada vampírica que lhes é posta por cima me interessa lá muito. Portanto, tendo achado o livro mais que razoável, a roçar o bom, não gostei lá muito dele. É a vida.

Este livro foi-me enviado pela editora.

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