quinta-feira, 21 de julho de 2016

Lido: O Milagre Secreto

O Milagre Secreto é mais um dos contos de Jorge Luís Borges em que o protagonista é um escritor a debater-se por levar até ao fim um projeto literário particularmente espinhoso. No caso, um drama em verso sobre a eternidade, adequadamente circular, do qual teria completado o primeiro e o terceiro atos, mas não o segundo. Problema: ele é judeu checo, a ação tem lugar em 1939, ano da invasão da Checoslováquia pelos nazis, e por isso é preso e condenado à morte por fuzilamento. Até aqui nada de fantástico, tudo tristemente realista, mas, desesperado pela impossibilidade de concluir aquela que, para ele, seria a sua obra-prima, o protagonista recorre a medidas extremas, suplicando a deus mais um ano. Só mais um. E deus concede-lhe esse ano, mas não exatamente como estava à espera.

Este é outro dos grandes contos de Borges. Um conto que compacta em poucas páginas uma quantidade assombrosa de referências a questões tão profundas como a noção de eternidade em vários dos seus aspetos (a eternidade do círculo, a eternidade dos instantes, etc.), a política e a guerra, a relação do artista com a sua própria obra e as dos outros, por aí fora. E ironia, uma dose razoável de ironia.

Contos anteriores deste livro:

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