sábado, 20 de fevereiro de 2016

Lido: Um Contrato com Deus

Um Contrato com Deus é, segundo afirma quem disto percebe (já sabem que não é o meu caso), mais um álbum de BD particularmente importante de mais um autor particularmente importante, Will Eisner, um dos percursores da forma de BD que ganhou o nome de novela gráfica. Precisamente com este livro.

Judeu, Eisner conta nestas páginas uma realidade que conhece bem: a do quotidiano das camadas pobres da população judaica de Nova Iorque nos anos 30 do século passado (embora tudo tenha origem muito antes e bem longe, nos ataques antissemitas de 1882 na Rússia imperial), focando-a num determinado prédio e nas pessoas que o foram habitando ao longo do tempo. Gente pobre, muita dela imigrante e refugiada, tornada mais pobre ainda pela Grande Depressão. O tom é quase neo-realista, ainda que a BD traga consigo um elemento significativo de caricatura.

São quatro histórias interligadas, desenhadas de uma forma que muitas vezes não respeita a divisão tradicional da BD em quadros, caso em que normalmente se espraia por toda a página à maneira dos cartunes. Há em todas um certo aspeto tragicómico, pois as suas personagens têm muito de patético mas ao mesmo tempo são quase sempre retratadas por Eisner com alguma ternura. Como quem diz "esta gente é estranha e talvez um pouco louca mas é a minha gente".

Foi mais um álbum de que gostei bastante mas sobre o qual, curiosamente, não tenho muito a dizer. E foi comprado, claro.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de idiotas. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.