domingo, 10 de maio de 2015

Lido: Dedos

Dedos (bibliografia), noveleta de A. M. P. Rodriguez, é uma história policial sobre uma série de acidentes (ou seriam ataques?) que envolviam autómatos e vitimavam aqueles que os programavam/controlavam, causando algumas mortes e muitíssimos prejuízos. Não uns autómatos quaisquer, mas autómatos dedicados a aprender a executar "tarefas de cariz artesão" que, por algum motivo que não se percebe, são coisas muito dificultosas de aprender para esses substitutos do labor humano.

O protagonista é um sui generis detetive da Brigada Especial de Crimes Elétricos, que vai investigando o que se estaria a passar, de uma forma a que não se pode propriamente chamar lógica, sob ameaça e contra resistências.

A história tem uma série de ideias realmente boas, e um tema com toda a relevância, mas não gostei muito dela. Não gostei particularmente do tratamento dado à língua (há até alguns erros comprometedores que a revisão deveria ter apanhado), não percebi o motivo dos francesismos que enxameiam o texto, este está escrito com um tom irónico que me pareceu algo deslocado do caráter sombrio do enredo, e achei o conjunto um bocado desconexo. Trata-se, parece-me, de uma história cujo potencial, inegável, mereceria um desenvolvimento bastante melhor.

Não é uma má história, entenda-se. É apenas a pior deste início de livro, e deixa um certo sabor a potencial desaproveitado. Há algo de insatisfatório numa obra que é razoável mas poderia ser excelente.

Contos anteriores deste livro:

Sem comentários:

Enviar um comentário

Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de idiotas. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.