quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Lido: Primos de Além-Mar

Primos de Além-Mar (bibliografia) é um conto de história alternativa de Gerson Lodi-Ribeiro, que decorre numa linha temporal em que um Portugal monárquico entra pelo século XX dentro, para acabar invadido por tropas franquistas na sequência da Guerra Civil Espanhola (ou seja: na II Guerra Mundial). E o rei, fiel à tradição, exila-se no Brasil, país que também ainda se mantém sob o governo dos Braganças, embora independente. É aí que a história vai encontrar o rei português exilado, numa caçada em que resolve escapar-se à escolta na companhia do primo, o príncipe brasileiro. Mas as coisas correm mal e o rei tem um acidente, acabando sozinho no mato, sujeito a todos os perigos que se podem encontrar em caçadas numa floresta cerrada, desde animais selvagens e predatórios a outros homens. Armados.

O conto contrasta com alguns dos anteriores por ser claramente conto de quem sabe o que está a fazer: Ribeiro sustém o interesse do leitor pondo o seu protagonista em perigo e mantendo até final a incerteza sobre o que lhe irá acontecer. Ao mesmo tempo vai intercalando o presente incerto com recuos a vários pontos do passado, usados para transmitir informação sobre a linha histórica alternativa e o que está em causa, aquilo que depende da sobrevivência daquele homem.

Apesar disso, Ribeiro tem textos bastante melhores do que este. É que este termina de uma forma tão aberta, tão inconclusiva, que mais parece um primeiro capítulo de um romance do que propriamente um conto. Há finais abertos que, apesar de o serem, não deixam de ser também satisfatórios. Este não; chega-se ao fim e fica-se a pensar "então e o resto?" E o resto não existe. Ou seja: o conto não é mau, mas poderia ser melhor.

E, tendo em conta a produção literária do autor nos últimos tempos, é bem possível que venha a ser um dia.

Contos anteriores deste livro:

4 comentários:

  1. Obrigado pela crítica.

    Sim, tem razão. Já ouvi falar antes que esse conto deixa o leitor com vontade de saber mais sobre como essa linha histórica alternativa se desenrola em direção ao presente.

    Infelizmente, não havia espaço para um desenvolvimento maior.

    Aliás, é por isto que costumo defender que o tamanho mínimo ideal para a H.A. não é o conto, mas sim a noveleta.

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    1. Pois é, Gerson. Mas, tendo em conta o que tens publicado nos últimos tempos, não me admirava nada se visse aí aparecer por um destes dias uma expansão do "primos," algures.

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  2. Já estou com essa ideia da expansão em mente há algum tempo. Vamos ver se consigo umas horas (ou dias) para explorá-la melhor.

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