sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Lido: O Santo

O Santo, conto de V. S. Pritchett, é uma história de perda de fé. O protagonista é um jovem, cuja família, e ele próprio, se junta a uma bizarra seita que prega que basta ignorar o mal (ou "o Erro", no jargão da seita) para que ele não exista. Doenças? Não existem, e basta acreditar que não existem para que a cura se faça, numa espécie de efeito placebo levado às últimas consequências. Incómodos, desconfortos, carências? Nada disso. O mundo é belo.

Uma seita de avestruzes? Não das reais, com penas, que na verdade não têm o comportamento que a lenda lhes atribui, mas as da lenda que enterram a cabeça na areia quando lhes aparece na frente uma contrariedade com garras, colmilhos ou caçadeira? Sim. Mas esta seita de avestruzes não se afasta muito de tantas outras que por aí abundam e é por isso que o conto é tão eficaz. Ele pode exagerar, mas não deturpa, e por isso resulta.

Porque chega um ponto em que o protagonista perde a fé, quando é visitado pelo chefe da seita, o santo a que o título se refere, o qual insiste em ir passear de barco com ele. Segue-se uma sequência de acontecimentos de tal forma caricata que o nosso jovem vê o outro como é. O resultado é um conto que até tem alguma graça, mas que me pareceu fundamentalmente melancólico. Ou melancómico, talvez. Mas interessante.

Conto anterior deste livro:

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