terça-feira, 9 de julho de 2013

Lido: Destino: Lua

Destino: Lua (bibliografia) é uma novela de ficção científica de Robert A. Heinlein, datada de 1950, que imagina a primeira viagem à Lua. É, em muitos aspetos, bastante semelhante a O Homem que Vendeu a Lua: também aqui a construção do foguetão que levaria os primeiros pioneiros ao nosso satélite está a cargo da iniciativa privada, que também aqui se debate com constrangimentos financeiros e uma oposição retrógrada que é obrigada a derrotar através da trapaça e do engano (nesta parte, um pouco à semelhança de Tendências, de Asimov). E, sim, do heroísmo dos pioneiros, que não hesitam em oferecer-se eles próprios como cobaias de um voo tripulado, propulsionado por um motor atómico experimental e nunca testado.

Em certas coisas, esta história é pior que O Homem que Vendeu a Lua. Quem quiser, por exemplo, apontar a dedo as personagens rasas e unidimensionais da velha FC poderia usar sem receio esta história como paradigma. A ingenuidade do otimismo tecnológico, de que aliás a ficção científica sempre padeceu, chega a ser chocante, em especial tendo em conta que os rebentamentos atómicos de Hiroshima e Nagasaki tinham acontecido vários anos antes (embora, para ser justo, seja provável que toda a extensão da devastação não fosse do conhecimento comum naquela época... e os não menos devastadores efeitos secundários de médio e longo prazo seriam em grande medida desconhecidos, até para os cientistas e militares mais ao corrente do potencial destrutivo das explosões nucleares). E o tom patrioteiro de Amerika Über Alles, o estúpido maniqueísmo de nós somos os bons, os outros são os maus, é no mínimo irritante.

Noutras coisas, contudo, esta história é melhor. Ao focar-se menos nas negociatas empresariais subjacentes ao empreendimento, concentrando-se na viagem propriamente dita, esta história adquire um ritmo mais interessante do que a outra. É, basicamente, uma história de exploração e aventura. E tem pelo menos tantos acertos, em termos da realidade da viagem à Lua, como desacertos. Não é, portanto, tão risível como outra FC produzida na época; não está tão irremediavelmente envelhecida. Também esta foi uma boa história. Mas também esta, decorridos todos estes anos, e apesar de tudo, já deixou de o ser.

Textos anteriores deste livro:

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