terça-feira, 27 de setembro de 2011

Lido: Sede de Sangue

Sede de Sangue (bib.) é um conto bastante interessante do meu conterrâneo Manuel Teixeira Gomes que, a princípio, não se entende muito bem o que faz numa antologia de literatura fantástica. É que parece um conto puramente realista, quase diria mesmo neorrealista se não fosse bastante anterior a esse movimento, porque em vez de se passear airosamente pelo etéreo (e muito aborrecido) mundo dos condes e das baronesas, desce à terra, ao povo e aos vícios. O narrador é um observador entediado e vagamente jornalista, e o que ele observa é a lenta decadência do protagonista, um tal Trovas, que de comerciante de sucesso que começa por ser acaba reduzido a taberneiro e proxeneta. É nesta fase, próximo do fim, que o conto se torna claramente fantástico, pois a vida dissoluta das tabernas e bordéis, como se sabe, atrai todo o tipo de pessoas... ou até de coisas que não o são. Um conto muito interessante, embora o texto propriamente dito, crivado de regionalismos e de palavras hoje em dia muito desusadas, possa criar problemas a alguns leitores.

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