sábado, 30 de julho de 2011

Lido: A Igreja Profanada

A Igreja Profanada (bib.) é um conto de Manuel Pinheiro Chagas, baseado numa história tradicional do norte da Europa e que consegue estar ainda mais eivado de maniqueísmo do que tem sido hábito nestas velhas histórias fantásticas portuguesas que tenho vindo a ler. Após um longo e romântico prólogo cuja utilidade narrativa não consegui descortinar, os últimos dois terços do conto são, enfim, dedicados à história propriamente dita, dividida em duas partes. Na primeira, um homem "de condição" vai para o mar já noite cerrada, a contragosto do barqueiro que contrata para o levar, e aí, ao bater da meia-noite, é confrontado com almas penadas que surgem vindas das profundezas. A segunda é constituída por um longo (e linguisticamente inverosímil) monólogo do barqueiro, que explica como as almas penadas acabaram naquele lugar. Tem tudo a ver com a tal igreja do título, profanada por um grupo festivo e, portanto, maligno e ímpio, liderado por um irmão maldoso e a irmã que por ele está apaixonada. Não gostei. Não achei o conto particularmente bem escrito, em especial tendo em conta o renome do autor, e achei-o mesmo bastante mal construído enquanto obra de ficção. E nem falo da banalidade e conservadorismo de todo o fundo religioso que lhe subjaz. Quem goste de histórias moralistas e mui cristãs provavelmente apreciará esta. Eu achei-a fraca, muito fraca.

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